A Comuna de Oaxaca

Infelizmente, os nossos meios de comunicação social não acham este tema suficientemente importante para lhe dedicarem uma análise e, quando essa análise é efectuada, ela é feita de uma forma tão "objectiva" que dá uma percepção errada ao público (quando digo "objectiva", refiro-me à análise supostamente "aclassista", mas que, na realidade, expõe os factos de maneira conveniente para a burguesia e seus governos). A análise exposta n'O Agitador Operário irá ser realizada de uma forma "subjectiva", pois é feita a partir do ponto de vista dos insurrectos, o único ponto de vista realmente justo e verdadeiro.
O Estado de Oaxaca é um estado cuja maioria da população vive numa situação de pobreza e cujo governo, de Ulises Ruiz Ortiz do Partido Revolucionário Institucional (PRI), é um governo corrupto eleito fraudulentamente. Estas são as causas gerais do descontentamento da população de Oaxaca. Além destas causas, é importante referir a eleição fraudulenta do governo da direita pró-imperialista de Felipe Caldéron, que também agiu como uma causa adicional para a insurreição.
O actual processo iniciou-se no dia 22 de Maio, com a proclamação de uma greve por tempo indeterminado por parte dos professores. Logo nas primeiras semanas encetou-se uma série de ocupações (entre elas da PEMEX- Petróleos do México), bloqueamentos de estradas e barricadas nas ruas. Rapidamente outros sectores da classe trabalhadora de Oaxaca se uniram à luta dos professores. Além disso, os estudantes também se mostraram solidários ao fecharem a Universidade Autónoma Benito de Juarez de Oaxaca.
A 14 de Junho, o governo tenta frear o movimento através da repressão policial massiva. Os trabalhadores de Oaxaca resitiram e conseguiram manter o controlo do centro da cidade-capital. Este acto de repressão do governo de Ulisses Ruiz funcionou como um motor para a acção das massas e a 22ª Secção da Coordenadora dos Trabalhadores da Educação assumiu-se como um movimento político, rodeando-se do apoio de outros sectores da população, tais como os camponeses e os índigenas. Da união das várias organizações representantes dos diferentes sectores da classe trabalhadora de Oaxaca resultou a formação da Assembleia Popular dos Povos de Oaxaca (APPO).
De facto, a APPO passou a agir como um verdadeiro orgão de poder dual, centralizando a luta dos trabalhadores, organizando a sua acção e garantindo a defesa da comuna.
Apesar da repressão policial, que já causou a morte de vários manifestantes, a comuna tem resistido e organizado grandes paralisações e acções de protesto, como a de 1 de Setembro, que juntou 300.000 pessoas.
Recentemente, o Senado mexicano depositou a sua confiança em Ulises Ruiz e pede a negociação. No entanto, a APPO já demarcou que a renúncia de Ulises não é negociável e que a onda de protestos se iria alastrar ao restante território mexicano.
A expansão da revolta e a adesão da totalidade da classe trabalhadora mexicana deve ser o objectivo mínimo da APPO, sendo o objectivo máximo o derrube do regime corrupto burguês e a implantação de um governo revolucionário da classe trabalhadora.
P.S: A luta do povo de Oaxaca deve servir de exemplo a várias direcções partidárias e sindicais portuguesas, já que ela mostra que a força vem da união da luta dos diferentes sectores da classe trabalhadora e não de posições sectaristas.
1 Comments:
Muito obrigado, me ajudou bastante na minha pesquisa sobre o assunto o/
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