segunda-feira, outubro 23, 2006

A Comuna de Oaxaca

Pelo facto de ser um tema de grande importância para a classe trabalhadora a nível mundial, resolvi expor aqui, de forma resumida, o processo pré-revolucionário que actualmente se desenrola no estado mexicano de Oaxaca.
Infelizmente, os nossos meios de comunicação social não acham este tema suficientemente importante para lhe dedicarem uma análise e, quando essa análise é efectuada, ela é feita de uma forma tão "objectiva" que dá uma percepção errada ao público (quando digo "objectiva", refiro-me à análise supostamente "aclassista", mas que, na realidade, expõe os factos de maneira conveniente para a burguesia e seus governos). A análise exposta n'O Agitador Operário irá ser realizada de uma forma "subjectiva", pois é feita a partir do ponto de vista dos insurrectos, o único ponto de vista realmente justo e verdadeiro.

O Estado de Oaxaca é um estado cuja maioria da população vive numa situação de pobreza e cujo governo, de Ulises Ruiz Ortiz do Partido Revolucionário Institucional (PRI), é um governo corrupto eleito fraudulentamente. Estas são as causas gerais do descontentamento da população de Oaxaca. Além destas causas, é importante referir a eleição fraudulenta do governo da direita pró-imperialista de Felipe Caldéron, que também agiu como uma causa adicional para a insurreição.
O actual processo iniciou-se no dia 22 de Maio, com a proclamação de uma greve por tempo indeterminado por parte dos professores. Logo nas primeiras semanas encetou-se uma série de ocupações (entre elas da PEMEX- Petróleos do México), bloqueamentos de estradas e barricadas nas ruas. Rapidamente outros sectores da classe trabalhadora de Oaxaca se uniram à luta dos professores. Além disso, os estudantes também se mostraram solidários ao fecharem a Universidade Autónoma Benito de Juarez de Oaxaca.
A 14 de Junho, o governo tenta frear o movimento através da repressão policial massiva. Os trabalhadores de Oaxaca resitiram e conseguiram manter o controlo do centro da cidade-capital. Este acto de repressão do governo de Ulisses Ruiz funcionou como um motor para a acção das massas e a 22ª Secção da Coordenadora dos Trabalhadores da Educação assumiu-se como um movimento político, rodeando-se do apoio de outros sectores da população, tais como os camponeses e os índigenas. Da união das várias organizações representantes dos diferentes sectores da classe trabalhadora de Oaxaca resultou a formação da Assembleia Popular dos Povos de Oaxaca (APPO).
De facto, a APPO passou a agir como um verdadeiro orgão de poder dual, centralizando a luta dos trabalhadores, organizando a sua acção e garantindo a defesa da comuna.
Apesar da repressão policial, que já causou a morte de vários manifestantes, a comuna tem resistido e organizado grandes paralisações e acções de protesto, como a de 1 de Setembro, que juntou 300.000 pessoas.
Recentemente, o Senado mexicano depositou a sua confiança em Ulises Ruiz e pede a negociação. No entanto, a APPO já demarcou que a renúncia de Ulises não é negociável e que a onda de protestos se iria alastrar ao restante território mexicano.

A expansão da revolta e a adesão da totalidade da classe trabalhadora mexicana deve ser o objectivo mínimo da APPO, sendo o objectivo máximo o derrube do regime corrupto burguês e a implantação de um governo revolucionário da classe trabalhadora.



P.S: A luta do povo de Oaxaca deve servir de exemplo a várias direcções partidárias e sindicais portuguesas, já que ela mostra que a força vem da união da luta dos diferentes sectores da classe trabalhadora e não de posições sectaristas.

1 Comments:

Blogger Rafael Ahrons said...

Muito obrigado, me ajudou bastante na minha pesquisa sobre o assunto o/

8:08 da tarde  

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