quarta-feira, agosto 02, 2006

A última do Vasquinho


No Público de Domingo, dia 30 de Julho de 2006, aparece-nos, como é de costume, uma pequena crónica do historiador Vasco Pulido Valente. Até aqui, nada de novo.
O que é realmente surpreendente é o conteúdo desta crónica em especial: nela, V.P. Valente responde a um texto de São José Almeida, no qual ela defende a preservação da memória do regime fascista português. A partir daqui começa o "delírio" do Sr.Valente: neste texto, ele afirma que "não houve" um regime fascista em Portugal, mas sim "apenas" uma "ditadura conservadora e católica". Pois bem, e essa "ditadura conservadora e católica" não tinha um modelo profundamente de inspiração fascista? Ou teria a fotografia de Mussolini na secretária de Salazar objectivos puramente estéticos? Será que o Sr.Valente sabe o que foi a Mocidade Portuguesa ou a Legião Portuguesa? E será que ele não vê nenhuma semelhança com as "juventudes" e milícias na Alemanha nazi e na Itália fascista? Realmente o Sr. Valente parece ter um complexo direitista de cegueira.
Mas o pior ainda está para vir: ainda nesse texto, o "revisionista histórico" V.P. Valente afirma que o fascismo português "não passa de uma invenção estalinista" !
O.K... será que este senhor acha que as prisões, assassinatos, toda a acção repressivaa sobre os operários e camponeses são uma "invenção estalinista"?! Certamente que, nesta altura, todas as vitimas do regime "conservador e católico" de Salazar revolvem nas suas campas...
Proponho ao Sr.Vasco Pulido Valente que repita essa tese a todos os antifascistas vitimas da PIDE e aos familiares dos assassinados pelo regime salazarista. Certamente, o Sr. Valente nunca terá sofrido na pele a brutalidade do fascismo português.
Obviamente que a ditadura de Salazar tinha as suas especificidades em relação aos restantes regimes fascistas da Europa, mas daí até afirmar que o salazarismo é uma "invenção estalinista" só demonstra ignorância e insensibilidade.