domingo, outubro 29, 2006

Militares entram em Oaxaca

O governo federal mexicano iniciou a repressão em Oaxaca. Militares, paramilitares e polícias federais atacam, desde sexta-feira dia 27, as barricadas erguidas pela a APPO (Assembleia Popular dos Povos de Oaxaca). Já se registam vários mortos entre os companheiros de Oaxaca, entre estes regista-se a morte de de um jornalista voluntário da Indymedia (Bradley Roland). A rádio APPO já fez um comunicado onde repudia a invasão das forças estatais e incentiva os camaradas a manter as barricadas e resistir ao ataque.
Exponho aqui algumas fotos que nunca serão publicadas nos nossos media, pois não expõem a realidade de uma maneira "objectiva".

Há uns tempos publiquei n'O Agitador Operário uma citação de Marx que referia a dinâmica da "civilizada" ordem burguesa que rapidamente se torna selvagem e brutal, quando se vê ameaçada. A situação actual vivida em Oaxaca mostra o quão actuais são as suas palavras...


Para informações mais pormenorizadas visita -> http://mexico.indymedia.org

sábado, outubro 28, 2006

O Precariado...

Transcrevo aqui uma parte de um texto de São José Almeida, publicado no Público de 28 de Setembro de 2006, que expõe ideias interessantes relativas à questão do trabalho precário e os sindicatos.

"Um dos aspectos essenciais do neo-liberalismo é o aumento de salários e novos abonos para gestores e administradores e reduções salariais para todos os outros. "Salários" dos trabalhadores são assim "custos" que "naturalmente" têm que ser reduzidos, excepto para essa nova classe social surgida da transformação do capitalismo reformista em capitalismo financeiro.
E, perante essa nova elite superior socialmente, essa nova upper class, há uma nova classe trabalhadora em formação na Europa, que não é mais do que uma regressão em termos históricos e que consiste no regresso da generalização do trabalho precário, o novo precariado, na expressão que ouvi há dias a uma pessoa amiga. É o nascimento deste novo tipo de trabalhador, ou a resistência em aceitar esta nova condição, que pode determinar o que é a luta social na Europa actual.
Resta agora saber como esse novo precariado se organizará e resistirá. Uma coisa parece certa - historicamente esse papel, nas sociedades contemporâneas coube e cabe aos sindicatos. A expectativa é a de ver se e como os sindicatos conseguem reinventar-se e adaptar-se aos novos tempos, ultrapassando erros do passado ao perderem de vista a dimensão social e política do projecto sindical, obedecendo, por vezes, a negocismo e aparelhismo."

sexta-feira, outubro 27, 2006

Semelhanças?

segunda-feira, outubro 23, 2006

A Comuna de Oaxaca

Pelo facto de ser um tema de grande importância para a classe trabalhadora a nível mundial, resolvi expor aqui, de forma resumida, o processo pré-revolucionário que actualmente se desenrola no estado mexicano de Oaxaca.
Infelizmente, os nossos meios de comunicação social não acham este tema suficientemente importante para lhe dedicarem uma análise e, quando essa análise é efectuada, ela é feita de uma forma tão "objectiva" que dá uma percepção errada ao público (quando digo "objectiva", refiro-me à análise supostamente "aclassista", mas que, na realidade, expõe os factos de maneira conveniente para a burguesia e seus governos). A análise exposta n'O Agitador Operário irá ser realizada de uma forma "subjectiva", pois é feita a partir do ponto de vista dos insurrectos, o único ponto de vista realmente justo e verdadeiro.

O Estado de Oaxaca é um estado cuja maioria da população vive numa situação de pobreza e cujo governo, de Ulises Ruiz Ortiz do Partido Revolucionário Institucional (PRI), é um governo corrupto eleito fraudulentamente. Estas são as causas gerais do descontentamento da população de Oaxaca. Além destas causas, é importante referir a eleição fraudulenta do governo da direita pró-imperialista de Felipe Caldéron, que também agiu como uma causa adicional para a insurreição.
O actual processo iniciou-se no dia 22 de Maio, com a proclamação de uma greve por tempo indeterminado por parte dos professores. Logo nas primeiras semanas encetou-se uma série de ocupações (entre elas da PEMEX- Petróleos do México), bloqueamentos de estradas e barricadas nas ruas. Rapidamente outros sectores da classe trabalhadora de Oaxaca se uniram à luta dos professores. Além disso, os estudantes também se mostraram solidários ao fecharem a Universidade Autónoma Benito de Juarez de Oaxaca.
A 14 de Junho, o governo tenta frear o movimento através da repressão policial massiva. Os trabalhadores de Oaxaca resitiram e conseguiram manter o controlo do centro da cidade-capital. Este acto de repressão do governo de Ulisses Ruiz funcionou como um motor para a acção das massas e a 22ª Secção da Coordenadora dos Trabalhadores da Educação assumiu-se como um movimento político, rodeando-se do apoio de outros sectores da população, tais como os camponeses e os índigenas. Da união das várias organizações representantes dos diferentes sectores da classe trabalhadora de Oaxaca resultou a formação da Assembleia Popular dos Povos de Oaxaca (APPO).
De facto, a APPO passou a agir como um verdadeiro orgão de poder dual, centralizando a luta dos trabalhadores, organizando a sua acção e garantindo a defesa da comuna.
Apesar da repressão policial, que já causou a morte de vários manifestantes, a comuna tem resistido e organizado grandes paralisações e acções de protesto, como a de 1 de Setembro, que juntou 300.000 pessoas.
Recentemente, o Senado mexicano depositou a sua confiança em Ulises Ruiz e pede a negociação. No entanto, a APPO já demarcou que a renúncia de Ulises não é negociável e que a onda de protestos se iria alastrar ao restante território mexicano.

A expansão da revolta e a adesão da totalidade da classe trabalhadora mexicana deve ser o objectivo mínimo da APPO, sendo o objectivo máximo o derrube do regime corrupto burguês e a implantação de um governo revolucionário da classe trabalhadora.



P.S: A luta do povo de Oaxaca deve servir de exemplo a várias direcções partidárias e sindicais portuguesas, já que ela mostra que a força vem da união da luta dos diferentes sectores da classe trabalhadora e não de posições sectaristas.

domingo, outubro 15, 2006

Vende-se

A actualidade de Marx II


"A civilização e a justiça da ordem burguesa mostram a sua luz sinistra sempre que os escravos desta ordem se levantam contra os donos. Então, esta civilização e esta justiça afirmam-se como a selvajaria sem máscara e a vingança sem lei. Cada nova crise na luta de classe entre explorador e produtor faz ressaltar este facto com mais clareza."


Karl Marx in "A Guerra Civil em França"

sábado, outubro 14, 2006

O povo saiu à rua!


A classe trabalhadora portuguesa resolveu mostrar um grande cartão vermelho ao governo Sócrates, no passado dia 12 de Outubro em Lisboa. O acto de protesto teve a forma de uma mega-manifestação que contou com a participação de cerca de 100 mil pessoas. Pelo número de participantes e pela intensidade do protesto se pode ver a crescente radicalização dos trabalhadores contra as políticas neo-liberais do governo PS. Realmente, a radicalização podia ter sido muito maior e mais consequente senão fosse o efeito de "freio" que a burocracia sindical teve sobre os manifestantes. Esta burocracia sindical teve um efeito retardatário nas reivindicações dos manifestantes, os legítimos representantes do descontentamento das massas trabalhadoras, na medida em que impediu a concentração de mais manifestantes à frente da Assembleia da República -o que levaria a uma maior tensão e poderia levar a uma acção de protesto mais radicalizado- e contribuindo para a desmobilização das massas. Em suma, os sindicatos tiveram 100 mil pessoas revoltadas com este governo e dispostas a encetar uma acção de protesto mais consequente e a "aristocracia" sindical limitou-se a travar as reivindicações das massas e limitar um protesto com um tal nível de participação numa acção "estética" de protesto. Em vez de uma vanguarda, foram o travão da agudização da luta de classes.
No entanto, o balanço desta acção é positivo: foi das maiores manifestações realizadas desde os anos 80 e um tal sucesso só pode servir de motivação para os trabalhadores portugueses.
Dia 17 e 18 de Outubro irá ter lugar uma greve nacional dos professores que visa contestar as políticas do governo relacionadas com a classe docente. A participação nesta greve é importante na luta contra o governo. É necessário aumentar a confiança dos trabalhadores e impulsionar a luta até à greve geral de modo a estancar a ofensiva do governo Sócrates.


A luta continua!Governo para a rua!